quarta-feira


Fados e Canções de Coimbra


"Do Choupal até à Lapa,
Foi Coimbra os meus amores..."


Serenata Monumental





Do Choupal até à Lapa


Saudades de Coimbra

Oh Coimbra do Mondego
E dos amores que eu lá tive
Quem te não viu anda cego
Quem te não ama não vive

Quem te não viu anda cego
Quem te não ama não vive

Do Choupal até à Lapa
Foi Coimbra os meus amores
A sombra da minha capa
Deu no chão abriu em flores




Canção das Lágrimas


Canção das Lágrimas

Lágrimas que a gente chora
E sufocam nossos ais
Lágrimas que a gente chora
E sufocam nossos ais

Deixai-as lá ir embora
Que elas vão, não voltem mais
Deixai-as lá ir embora
Que elas vão, não voltem mais

De tantos beijos que demos
Tu me deste e eu te dei
Tanto trocamos as bocas
Que eu nem da minha já sei

 



Amor de Estudante 


Amor de Estudante

Dizem que amor de estudanteAi, não dura mais que uma horaDizem que amor de estudanteAi,  não dura mais que uma hora

Só o meu é tão velhinhoInda se não foi emboraSó o meu é tão velhinhoInda se não foi embora

A cabra da velha torreAi, meu amor chama por mimA cabra da velha torreAi, meu amor chama por mim

Quando um estudante morreOs sinos tocam assimQuando um estudante morreOs sinos tocam assim



Fecha os Olhos de Mansinho


Fecha os Olhos de Mansinho

 

Fecha os olhos de mansinho

Não os abras para ver

Fecha os olhos de mansinho

Não os abras para ver

 

Que a vida de olhos fechados

Custa menos a viver

Custa menos a viver

 

Os teus olhos são tão puros

Que me lembram nem sei bem

Os teus olhos são tão puros

Que me lembram nem sei bem

 

Se à mãe de Nosso Senhor

Se à minha mãe que Deus tem

Se à minha mãe que Deus tem




Balada da Despedida do 5º. Ano Jurídico de 1989


Balada da Despedida

Sentes que o tempo acabou?
Primavera de flor adormecida
Qualquer coisa que não volta, que voou
Que foi um rio, um ar, na tua vida

E levas em ti guardado
O choro de uma balada
E o bater da velha cabra
Recordações de um passado

Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo pra vida
Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo pra vida

Sabes que o desenho do adeus
É fogo que nos queima devagar
E no lento cerrar dos olhos teus
Fica a esperança de um dia aqui voltar

E levas em ti guardado
O choro de uma balada
Recordações de um passado
E o bater da velha cabra

Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo pra vida
Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo pra vida

Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo pra vida




Passarinho da Ribeira


Fado dos Passarinhos

 

Passarinho da ribeira

 

Se não és meu inimigo [bis]

Empresta-me as tuas asas

 

Deixa-me ir voar contigo

Passarinho da ribeira

 

Ai!...Se não és meu inimigo

Ao longe cruzando o espaço

Vai um bando de andorinhas [bis]

Que te leva um abraço
E muitas saudades minhas

Ao longe cruzando o espaço
Ai!...Vai um bando de andorinhas


Samaritana

Samaritana

Dos amores do redentor
Não reza a história sagrada
Mas diz uma lenda encantada
Que o Bom Jesus sofreu de amor.

Sofreu consigo e calou
Sua paixão divinal
Assim como qualquer mortal
Que um dia de amor palpitou.

Samaritana plebeia de Sicar
Alguém espreitando te viu Jesus beijar
De tarde quando foste encontrá-lo só
Morto de sede junto à fonte de Jacob.

E tu risonha acolheste
O beijo que te encantou
Serena, empalideceste
E Jesus Cristo corou

Corou por ver quanta luz
Irradiava da tua fronte
Quando disseste ò Meu Jesus
"Que bem eu fiz, Senhor, em vir à fonte."

 Samaritana plebeia de Sicar

Alguém espreitando te viu Jesus beijar
De tarde quando foste encontrá-lo só
Morto de sede junto à fonte de Jacob.


Rosas Brancas


Rosas Brancas

Quando eu morrer rosas brancas
Para mim ninguém as corte
Quem as não tive na vida
Também não as quer na morte.

Quando eu morrer nem sequer
Na campa uma cruz erguida
Para calvário já basta
A cruz que eu levo na vida
.


Lá Longe, ao Cair da Tarde




Fado Hilário


Fado Hilário

A minha capa velhinha
É da cor da noite escura,
Nela quero amortalhar-me,
Quando for p'ra sepultura.

A minha capa ondulante
Feita de negro tecido,
Não é capa de estudante
É mortalha de vencido.

Ai!... Eu quero que o meu caixão
Tenha uma forma bizarra,
A forma de um coração,
Ai!... A forma de uma guitarra.


O Meu Menino é d'Oiro


O Meu Menino é d’Oiro


O meu menino é d’oiro

É d’oiro o meu menino

O meu menino é d’oiro

É d’oiro o meu menino

 

Hei-de levá-lo ao Céu

Enquanto for pequenino

Hei-de levá- lo ao Céu

Enquanto for pequenino

 

Enquanto for pequenino

Tão puro como o luar

Enquanto for pequenino

Tão puro como o luar

 

Hei-de levá-lo ao Céu

Hei-de ensiná-lo a cantar

Hei-de levá- lo ao Céu

Hei-de ensiná-lo a cantar



Igreja de Santa Cruz



Serra d'Arga


Serra d'Arga

Abaixa-te ó Serra d'Arga
Que eu quero ver São Lourenço
Quero ver o meu amor 
Acenar-lhe com o lenço.

Menina do lenço preto
Diga-me quem lhe morreu
Sefoi pai ou se foi mãe
Que por ela morro eu.


Fado dos Olhos Claros


Fado dos Olhos Claros

A luz dos teus olhos claros

É uma estrela a cintilar

Que eu ora vejo no céu

Ora nas ondas do mar


É o olhar da claridade

É o olhar do luar na água

Sagrado espelho onde vejo

A sombra da minha mágoa


Feiticeira




Vira de Coimbra




Nasce na Estrela o Mondego




Trova do Vento que Passa


Trova do Vento que Passa

Pergunto ao vento que passa

notícias do meu país

e o vento cala a desgraça

o vento nada me diz.

 

Pergunto aos rios que levam

tanto sonho à flor das águas

e os rios não me sossegam

levam sonhos deixam mágoas.

 

Levam sonhos deixam mágoas

ai rios do meu país

minha pátria à flor das águas

para onde vais? Ninguém diz.

 

Se o verde trevo desfolhas

pede notícias e diz

ao trevo de quatro folhas

que morro por meu país.

 

Pergunto à gente que passa

por que vai de olhos no chão.

Silêncio -- é tudo o que tem

quem vive na servidão.

 

Vi florir os verdes ramos

direitos e ao céu voltados.

E a quem gosta de ter amos

vi sempre os ombros curvados.

 

E o vento não me diz nada

ninguém diz nada de novo.

Vi minha pátria pregada

nos braços em cruz do povo.

 

Vi minha pátria na margem

dos rios que vão pró mar

como quem ama a viagem

mas tem sempre de ficar.

 

Vi navios a partir

(minha pátria à flor das águas)

vi minha pátria florir

(verdes folhas verdes mágoas).

 

Há quem te queira ignorada

e fale pátria em teu nome.

Eu vi-te crucificada

nos braços negros da fome.

 

E o vento não me diz nada

só o silêncio persiste.

Vi minha pátria parada

à beira de um rio triste.

 

Ninguém diz nada de novo

se notícias vou pedindo

nas mãos vazias do povo

vi minha pátria florindo.

 

E a noite cresce por dentro

dos homens do meu país.

Peço notícias ao vento

e o vento nada me diz.

 

Quatro folhas tem o trevo

liberdade quatro sílabas.

Não sabem ler é verdade

aqueles pra quem eu escrevo.

 

Mas há sempre uma candeia

dentro da própria desgraça

há sempre alguém que semeia

canções no vento que passa.

 

Mesmo na noite mais triste

em tempo de servidão

há sempre alguém que resiste

há sempre alguém que diz não.



São Tão Lindos os Teus Olhos


São Tão Lindos os Teus Olhos

São tão lindos os teus olhos
Quando se fitam nos meus
São tão lindos os teus olhos
Quando se fitam nos meus

Dizem coisas, contam coisas
Ai, Jesus, valha-me Deus
Dizem coisas, contam coisas
Ai, Jesus, valha-me Deus

Ficam teus olhos em brasa
Quando algum noivado vês
Ficam teus olhos em brasa
Quando algum noivado vês

DEixa lá casar quem casa
Que ninguém nos tira a vez
Deixa lá casar quem casa
Que ninguém nos tira a vez. 



O Meu Desejo


O Meu Desejo

O meu desejo

É dar-te um beijo

É ter desejo de te beijar

Perdidamente

Como quem sente

Que o teu sorriso vai acabar


O meu desejo

É dar-te um beijo

É ter dessejo de te beijar

Como quem ama

Do sol, a cham

Como quem treza sempre a chorar


Nossas Mágoas

Nossas Mágoas

Nossas mágoas são o fruto
Que nos dá este viver:
Quem anda sempre de luto
Muitas mágoas deve ter.

Nossa boca quando canta
Diz a alma logo assim:
(ai) Minha boca canta, canta
Que não me encantas a mim.


Canção de Fornos


Canção de Fornos

Adeus ó vila de Fornos
Arrasada sejas tu
Arrasada sejas tu.

Ou de cravos  ou de rosas
Não te quero mal nenhum
Não te quero mal nenhum.

Um abracinho bem apertado
Matar desejos não é pecado.
Um abracinho bem apaertado
Matar desejos não é pecado.

Mas um só é pouco
Dois é conta certa
Toma lá mais outro
Ora aperta, aperta.

Mas um só é pouco
Dois é coisa certa
Toma lá mais outro
Ora aperta, aperta.


Mas um só é pouco
Dois é conta certa
Toma lá mais outro
Ora aperta, aperta.

Um abracinho bem apertado
Matar desejos não é pecado.
Um abracinho bem apaertado
Matar desejos não é pecado.

Adeu ó vila de Fornos
Não te quero mal nenhum
Não te quero mal nenhum.

Rezas à Noite (Avé Maria) 


Rezas à Noite (Avé Maria)

No nosso Portugal é uso antigo,
Depois da ceia alegre, em chilreada,
Fazer-se à noite a reza costumada,
P’ra que o Senhor nos livre do Inimigo.

Rezava o Pai o terço co’a piedade
Que já seus pais outrora tinham tido:
E num tom religioso e comovido
Respondiam os filhos com bondade.

E a Maria, uma moça donairosa,
Balbuciava baixinho e descuidosa
Esta prece, que só um anjo tem

Quando a caminho para Deus se vai:
« Santa Maria, mãe de Deus, rogai,
Rogai... p’lo nosso amor, p’ra sempre. Amen.»

Inquietação

e

Fado da Sugestão


Inquietação

És linda, se foras feia

Mesmo assim eu te queria

Não é por ser lua cheia

Que a lua mais alumia.

Todo o bem que não se alcança

Vive em nós morto de dor

Quem ama de amor não cansa

E se morrer é de amor.


Fado da Sugestão

Não digas não dize sim

Muito embora amor não sintas

O não envenena a gente

Dize sim, inda que mintas


Não digas não dize sim

Sê ao menos a primeira

Falta-me embora à verdade

Não sejas tão verdadeira

Mar Alto


Mar Alto

Fosse o meu destino o teu
Ó mar alto sem ter fundo
Viver bem perto do céu
Andar bem longe do mundo...

Antes as tuas tormentas
Do que todas as revoltas
No céu azul que adormentas
A solução nunca volta


                                       


Balada de Coimbra (Balada do Mondego)


Balada de Coimbra (Balada do Mondego)

Já branca lua alveja a terra

Já negra serra tem alva cor

Pelo Mondego ouvem-se apenas

Trovas serenas, feitas d ́amor

 

Tristes bem tristes nossas canções

São ilusões da mocidade

São os queixumes dum peito triste

Peito onde existe uma saudade

 

Refrão

Porém qu’importa saudade infinda

A noite é linda lindo o luar

Cantai rapazes e raparigas

Ternas cantigas a suspirar

 

Os nossos cantos, puros, singelos

São os anelos duma ilusão

Que pelo espaço vão ecoando

Ao sopro brando da viração

 

Refrão

Porém qu’importa saudade infinda

A noite é linda lindo o luar

Cantai rapazes e raparigas

Ternas cantigas a suspirar































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